domingo, 4 de agosto de 2013

Tudo feito no quintal - Renata Del Vecchio - Especial para Jornal O Vale

December 16, 2012 - 02:03 Tudo feito no quintal O hobby de cozinhar para amigos virou um clube gourmet montado no fundo da casa; apaixonado por gastronomia, o chef Claudio Moraes conta detalhes do seu projeto inovador Renata Del Vecchio Especial para O Vale Se existe outro fundo de quintal mais charmoso para apreciar produções gastronômicas, conferindo de perto a habilidade de Claudio Moraes na cozinha, ainda não conheci. A ideia do Le Quintal, do quinto convidado da série “Mestres da Cozinha” -- que traça o perfil de consagrados cozinheiros da região em reportagens aos domingos -- surgiu do entusiasmo de ir para o fogão em nome dos familiares. As receitas foram ficando mais sofisticadas e, a cada encontro gastronômico, surgia um novo convidado. “Posso trazer outro amigo?”, relembra Claudio, ao contar como sua brincadeira virou profissão, depois de um ano aposentado. Já que às sextas-feiras seu endereço no Jardim das Indústrias, em São José, era ponto de encontro, o chef teve a ideia de montar um clube gourmet -- modelo que surgiu em Nova York com grandes chefs deixando restaurantes para cozinhar em casa -- para custear as despesas do seu hobby. “A intenção era que cada um trouxesse sua bebida, rateando o custo das produções. Hoje recebo convidados de quinta-feira a sábado, limitando a participação em 16 pessoas.” Le Quintal. Preparando um jantar entre amigos, o chef mantém uma serenidade incrível, mesmo com a tentativa da chuva de intimidar Claudio, deixando seu espaço sem energia elétrica no dia em que recebeu a equipe de O VALE. Cozinhar o faz tranquilo. Normalmente, o fundo aconchegante do seu quintal já conta com a iluminação de velas. Desta vez, nada além das pequenas chamas. “Cozinhar no escuro não é nada para quem já morou na Amazônia e preparou jantar em tribo indígena.” Enquanto prepara a receita “Bacalhau Imperial”, ajeitando as postas do peixe a serem confitadas com pimentão, cebola, alho e batata, ele diz que desde o início do projeto sua meta foi estimular os sentidos. “Os convidados sentem o cheiro, escutam o corte da faca e perguntam detalhes da receita. É quase um curso gastronômico. A ideia é que o Le Quintal não se pareça com um restaurante. Priorizo a integração.” Influência. Mesmo tendo trabalho parte da vida em usinas hidrelétricas e por 15 anos como professor universitário, o chef sabe de onde vem a paixão pela gastronomia. Seu pai, José Fábio, foi o primeiro chef de cozinha da General Motors, em São José. “A tradição culinária está no sangue. Na década de 1960, minha mãe foi professora de arte culinária.” Diante de uma bancada repleta de utensílios que integram o requinte do quintal, Claudio relembra que, aos 8 anos, já assumia a cozinha do rancho da família, à beira do rio Paraíba, enquanto o pai pescava. Quando uma dúvida surgia, ele saía gritando: “Como faço isso?”. “Meu pai dizia para eu cortar o tomate, misturar cheiro verde, jogar tudo na barriga do peixe e levar ao forno. Mas ele esqueceu de avisar que o peixe assa rápido”, conta. Satisfeito com a credibilidade do Le Quintal Vip Gourmet Club, sem planos de ampliar o projeto que só recebe clientes por indicação, o mestre da cozinha revela um episódio decisivo para que ele decidisse ganhar a vida fazendo algo prazeroso. “Tive a sorte de enfartar dentro do hospital. Repensei a vida e, em 2009, surgiu o clube gourmet”.

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